A grande parte dos turistas que decide visitar Alagoas está em busca de praias paradisíacas. Mas não só do litoral vive o turismo alagoano.
O Sertão do Estado guarda uma joia preciosíssima, que serviu de cenário para muitas telenovelas baseadas na história do Cangaço. Trata-se da cidade histórica de Piranhas, situada à margem do Rio São Francisco e cujo centro antigo é considerado Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A cidade fica a pouco mais de 270 km de Maceió, e sugiro que seja incluído no seu roteiro de férias na capital alagoana, seja apenas em um bate-e-volta de um dia, seja para um fim de semana prolongado.
Nesse post, trago os detalhes de minha viagem de fim de semana a Piranhas. Foram três noites e dois dias na cidade, saindo de Maceió na quinta-feira e retornando no domingo.
Uma breve história de Piranhas
Localizada no Sertão de Alagoas, à margem do Rio São Francisco, Piranhas tornou-se conhecida por ter feito parte da história do Cangaço, tornando-se palco de exposição das cabeças de Lampião, sua companheira, Maria Bonita, e mais nove homens de seu bando, após terem sido capturados e decapitados pela polícia militar em terras sergipanas fronteiriças.
Os cangaceiros eram um grupo de homens armados, considerados bandidos para alguns e justiceiros para outros, que amedrontavam a população e fazendeiros dos Estados Nordestinos. O líder desse grupo, chamado de “Rei do Cangaço”, era Virgulino Ferreira da Silva, conhecido pelo codinome “Lampião”. Um pernambucano de Serra Talhada, no sertão do Estado, que se iniciou no cangaço para se vingar da polícia, que havia assassinado seu pai.
Os órgãos da Polícia Militar dos Estados nordestinos ameaçados por Lampião fizeram uma aliança para capturar o cangaceiro e dar um fim ao movimento. Foi então que, em 28 de julho de 1938, o “Rei do Cangaço” foi surpreendido pela polícia alagoana, enquanto descansava escondido na Toca de Angicos, em Canindé, Estado do Sergipe.
Lampião e os dez componentes do grupo capturado foram decapitados e tiveram suas cabeças expostas na escadaria da Prefeitura de Piranhas, antes de seguirem para exposição em outros Estados do Nordeste. Esse foi o início do fim do Cangaço e o apogeu de Piranhas como recinto histórico.


Como chegar a Piranhas
Uma das formas de se chegar a Piranhas é dirigindo a partir de Maceió, que foi como eu fiz.
A viagem dura cerca de 4 horas, em estrada de mão dupla, mas muito bem conservada. O trajeto é praticamente todo o tempo pela rodovia estadual AL-220. A saída de Maceió é no sentido do Litoral Sul.
Durante as primeiras duas horas de viagem, não há opções de paradas para abastecimento ou lanches. Mas a partir da cidade de Arapiraca, que fica a cerca de 130 km de Maceió, já encontramos vários postos de combustível bem estruturados, com banheiros e lojas de conveniência.
Caso não esteja de carro ou não queira ir dirigindo, uma opção é comprar o traslado de ida e volta no mesmo dia, saindo de Maceió pela manhã e voltando no fim da tarde. Esses transfers são vendidos por panfleteiros, representantes de diversas agências de turismo, que ficam no calçadão da orla de Maceió.
Quanto tempo ficar em Piranhas
A cidade tem vários atrativos. Para aproveitar todos eles, sugiro ficar no mínimo dois dias inteiros. Caso utilize o traslado de ida/volta em um só dia, só terá tempo de aproveitar a atração mais procurada, que é a navegação pelos Cânions do Rio São Francisco.
Pudendo ficar mais de um dia, dê preferência a ir no fim de semana, de forma que no sábado à noite esteja na cidade. Esse é o dia mais animado no centro histórico de Piranhas, já que o show de Xaxado só acontece nas noites de sábado.
Onde se hospedar
Piranhas tem diversas opções de acomodação. Eu fiquei no Dunen Hotel, localizado no centro novo da cidade e a apenas 7 minutos, em carro, do centro histórico.
Reservei o hotel pelo Booking.com e considero uma opção com excelente relação custo-benefício. As instalações são modernas; quartos amplos, bem equipados e muito confortáveis; espaços lindamente decorados com a temática do cangaço e artesanato local; uma pequena, mas limpíssima e deliciosa piscina para se refrescar do calor do sertão; e, por fim, um café da manhã farto, super variado, incluso na diária.
Ao lado do hotel, está o Restaurante Gui, que funciona aberto ao público para almoço e jantar, mas no café da manhã está reservado para atender apenas aos hóspedes do Dunen.
A localização do hotel também é bastante estratégica, pois além de fácil acesso a partir das rodovias principais, está bem próximo da parte histórica da cidade e está cercado por lojas de souvenir, farmácias, supermercado, lanchonetes etc.









O que fazer em Piranhas
As principais atrações turísticas para os visitantes de Piranhas são:
- CENTRO HISTÓRICO – reconhecido como Patrimônio Histórico Nacional, o colorido das fachadas do antigo casario em estilo colonial é um dos grandes atrativos… leia mais.
- NAVEGAÇÃO PELOS CÂNIONS DO RIO SÃO FRANCISCO – essa é a atração mais procurada pelos turistas que visitam Piranhas. São paisagens deslumbrantes, um delicioso banho de rio e passeio em barca entre as fendas dos cânions … leia mais.
- ROTA DO CANGAÇO – passeio de um dia inteiro, que inicia com uma agradável navegação pelo Baixo São Francisco até o Complexo de Lazer “Cangaço Ecoparque”, onde, além de usufruirmos de diversas atividades em meio à natureza, ainda temos a chance de fazer parte da trilha usada por Lampião e seu bando até a Grota de Angicos, onde foram capturado e decaptados… leia mais.






Onde comer
Em Piranhas, a maioria dos restaurantes tem a culinária regional como inspiração de seu cardápio. São pratos mais temperados, com muitos acompanhamentos e forte presença da carne vermelha ou do peixe tilápia, em abundância nas redondezas ou em cativeiro.
Alguns dos lugares mais recomendados que frequentei são:
1. Restaurante FLOR DE CACTUS
O Flor de Cactus é um restaurante rústico, com cardápio repleto de opções regionais, cujo maior atrativo é a vista panorâmica que oferece do Rio São Francisco e da cidade de Piranhas, já que fica localizado no alto de uma serra.
Indo de carro, o acesso principal é pela rodovia. O GPS não vai acusar com exatidão, mas pedindo alguma orientação aos locais, não há como errar.
Para os mais ousados, uma outra forma de acender ao restaurante é pela escadaria de quase 300 degraus que sai do centro histórico de Piranhas. Apesar de gostar de desafios, o sol forte e o calor de quase 40 graus me desencorajaram.
Eu almocei por lá e provei a famosa “tilápia frita“, já que é o peixe típico da região, apesar de o nome da cidade fazer referência a outra espécie que abunda no Rio São Francisco.
O restaurante também tem um lojinha com alguns produtos artesanais locais para souvenir.




2. Restaurante KARRANCA´S
Localizado no Estado do Sergipe, na cidade fronteiriça de Canindé, a cerca de 15 minutos do centro de Piranhas, esse restaurante é o ponto de partida do catamarã que faz o passeio pelos Cânions do Rio São Francisco.
Na volta do passeio, que ocorre pela manhã, os visitantes costumam aproveitar para almoçar no buffet do restaurante.
A comida é saborosa, os pratos são bem variados e não se restringem apenas à culinária regional.



3. Restaurante GUI
Fica ao lado do Dunen Hotel, sendo reservado para os hóspedes do hotel durante o café da manhã.
No almoço e jantar, o restaurante fica aberto ao público em geral.
O cardápio é variado e não está limitado à culinária regional.




4. Cachaçaria ALTEMAR DUTRA
Apesar de o nome fazer referência a uma cachaçaria, o “Altemar Dutra” é um conjunto de restaurantes e botecos com diversas especialidades no cardápio; vai de pizza a comida japonesa.
Tem uma boa variedade coquetéis e muitas opções de caldos ou petiscos; tudo feito com muito capricho.
Fica localizado na praça central do centro histórico de Piranhas, e é o palco de apresentação do show de Xaxado que acontece nas noites de sábado.





Na Praça Central do Centro Histórico de Piranhas, há várias opções de bares, botecos, restaurantes e “food trucks“.
Se quiser tomar um simples café com leite e sanduiche na chapa para um lanche de fim de tarde, o único lugar que encontrei foi um food truck na parte alta do Centro Histórico, com vistas para a Praça Central.
Na avenida principal do centro novo de Piranhas, ao lado do Restaurante Gui, há diversos tipos de estabelecimentos com variadas opções para lanches: pizzas, coxinha, tapioca etc.
Assista também ao vídeo com os detalhes do trajeto de Maceió a Piranhas.

Kelly Fabiani
Mulher, Mãe, Alagoana, Arquiteta e Controladora de Tráfego Aéreo. Viajar sempre fez parte da minha vida. Em 2012, aos 40 anos de idade, me tornei Viajante Solo e, desde então, venho colecionando experiências, histórias e dicas de viagem pelo Brasil e por outros países mundo afora. No “Pelo Mundo By Myself“, compartilho todas elas com o intuito de auxiliar outros viajantes independentes na preparação de seus roteiros e para encorajar outras mulheres a desbravarem o mundo sozinhas, sem medo de ser feliz.
Vem Pelo Mundo By “Yourself”!
Muito bela a sua reportagem. Só um detalhe que me atrevo a retificar: A grota do Angicos pertence ao município de Poço Redondo e não à Canindé do São Francisco.
Oi Lenilton!
Muito obrigada pela retificação. Feliz que gostou do post!!